Na fazenda dos caçadores – Fazenda da Figueira Velha – o Coronel Sousa lamentava a perda de seus cães, em especial a do seu fiel amigo cão de pelo amarelo e cabeça preta. Por toda a região, espalhou-se o boato de que um grande leão baio, um puma assassino, estava atacando as propriedades, comendo ovelhas e matando terneiros e potros.

Logo os fazendeiros da região decidiram matar, exterminar o “leão baio, assassino“. Já havia inclusive uma história de que o leão baio fora ferido numa pata e de que investia contra os peões. Rondava as fazendas e era um grande perigo, principalmente para as crianças e as mulheres distraídas que lavavam roupa nos riachos das fazendas.

Uma prenda gaúcha de uma dessas fazendas dos campos de Bom Jesus, no Rio Grande do Sul, aliás, uma moça muito bonita e sem namorado, um dia voltou para casa em pânico com a roupa do corpo toda encharcada de água. Ela contou que estava lavando algumas peças de roupa na beira do riacho quando ouviu um miado forte vindo do capão, ali próximo dela. Ela ficou muito assustada, levantou-se e quando se virou, “viu o enorme leão baio vindo furiosamente em sua direção”.

Ela conta que começou a gritar desesperadamente e como ele se aproximava determinado a atacá-la, jogou-se no meio do riacho enquanto gritava e agitava os braços.
Todos nesta fazenda ficaram em pânico, em especial as mulheres e as crianças. Ela chegou com o vestido colado no corpo e rasgado na altura dos peitos. Chorava e jurava que fora atacada pelo leão baio.

Mas entre a peonada da fazenda corria outro boato. Diziam eles que a prenda era “assanhada” e que o leão baio que investiu contra ela usava bombachas, chapéu e lenço baio no pescoço. “Uma prenda que não se dá o respeito, e vive se exibindo, há de ser atacada pelo demônio do leão baio”, diziam eles nas rodas de chimarrão. Contudo, havia os que acreditavam que fora o leão baio mesmo. O bicho com certeza queria se vingar da matança dos pumas que os fazendeiros vinham praticando.

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