Pedro Álvares Gouveia – O Descobridor do Brasil


É fato amplamente conhecido por todos os brasileiros que o descobridor do Brasil foi Pedro Álvares Cabral, mas, na carta de nomeação do capitão-mor da armada que descobriria o país, consta o nome de Pedro Álvares Gouvêia!

O documento que entregou o comando da armada a Pedro foi assinado pelo rei português Dom Manuel. Isto ocorreu em 15 de fevereiro de 1500.

Isso significa que, historicamente, as escolas vêm ensinando erroneamente? Não. O caso é que, conforme o costume da época, somente o filho mais velho recebia, ou melhor, usava o nome do pai, os demais filhos e filhas recebiam apenas o da mãe. 

Desembarque de Cabral, em Porto Seguro, óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva, 1922. Acervo: Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro

Pedro Álvares era o segundo dos dez filhos do casal Izabel Gouvêia e Fernão Cabral. O primogênito dos Gouvêia e Cabral era João Fernandes Cabral que faleceu no transcurso da viagem de Pedro Álvares, viagem que provocou o descobrimento do Brasil.

Pedro Álvares Cabral provavelmente nasceu em 1467, no Castelo de Belmonte, em Beira Baixa. Historiadores como Valério Hoerner Júnior e Túlio Vargas entre outros concordam que quando o país foi descoberto o sobrenome Gouvêia era o utilizado por Pedro.

Viriato Corrêa (1952) afirma que quando D. Manuel, rei de Portugal, a 15 de fevereiro de 1500, assinou a carta nomeando Pedro Álvares capitão-mor da armada que nos descobriu, não nomeou Pedro Álvares Cabral, nomeou Pedro Álvares de Gouvêia. É o nome que está escrito na carta.

Pedro Álvares partiu de Portugal em 09 de março de 1500, comandando uma frota composta por 13 embarcações, sendo três caravelas e dez naus, cuja tripulação era formada por mais de mil pessoas. No Porto de Lisboa, após a celebração de uma missa, em meio a uma grandiosa cerimônia com a presença do rei e sua corte, Cabral recebe das mãos do rei o estandarte real, símbolo do poder da coroa portuguesa, e parte em seguida para as Índias.

A esquadra de Cabral partiu de Lisboa com 10 naus, 03 caravelas e 1.500 homens. A nau capitânia, cujo capitão era Cabral, completou a viagem e retornou a Portugal em 21 de julho de 1501.

Sobre este assunto José de Carvalho e Silva afirma que “A frota se compunha de 13 navios, assim comandados: Capitânia, Pedro Álvares Cabral; Soto-capitânia, Sancho de Tovar; 3o navio, Simão de Miranda; 4o, Bartolomeu Dias; 5o, Vasco de Ataíde; 6o, Aires Gomes; 7o, Simão de Pina; 8o, Nicolau Coelho; 9o, Nuno Leitão da Cunha; 10o, Diogo Dias; 11o, Pedro de Ataíde; 12o, Luís Pires e 13o, Gaspar de Lemos. Desses navios, que participaram da Descoberta do Brasil, chegaram às Índias os que eram comandados por Pedro Álvares Cabral, Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Pedro de Ataíde, Nuno Leitão da Cunha e Nicolau Coelho, isto é, seis ao todo”.

Pedro Álvares pertencia a uma nobre família portuguesa. Na cidade de Lisboa, estudou Cosmografia, História, Literatura, Técnicas Náuticas e Artes Militares. Recebeu o título de capitão-mor da armada em 1499, nomeação que foi concedida pelo rei Dom Manuel. Conforme documentos oficiais Pedro Álvares comandaria uma frota que percorreria uma nova rota marítima realizada por Vasco da Gama, e que, contornando a costa da África, chegaria às Índias.

O descobridor do Brasil, Pedro Álvares, era o segundo filho de Fernão Cabral e Izabel Gouvêia de Queirós. A família de Cabral ganhou notoriedade nas lutas portuguesas contra os mouros e castelhanos. 

Fac-símile da carta original de Pero Vaz de Caminha quando do aportamento da expedição de Cabral em terras brasileiras. Acervo: Biblioteca Nacional de Portugal.

A família possuía títulos de nobreza e participava da vida na corte. O próprio Pedro Álvares foi agraciado, por dom Manuel, com os títulos de Fidalgo do Conselho do Rei e Cavaleiro da Ordem de Cristo. Em 1520 Pedro Álvares Cabral faleceu longe da corte portuguesa e das expedições depois de problemas com o rei português Dom Manuel. HC

Elson Oliveira Souza é professor e historiador do Centro de Memória da PUCPR, possui licenciatura em Filosofia e História e é mestre em Educação pela PUCPR.

Para saber mais:
• CORRÊA, Viriato. Curiosidades da História Brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1952.
• HOERNER JÚNIOR, Valério; Vargas,Túlio & Bóia, Wilson. Bibliografia da Academia Paranaense de Letras. Curitiba: Editora Popular, 2004.
• SILVA, José de Carvalho. História do Brasil e Universal. São Paulo: Rideel, n/d.

Artigo publicado na edição 72!


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